"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, abril 23, 2012

Compreendendo a natureza do problema como SUGESTÃO HIPNÓTICA ou APARÊNCIA


Lorraine Sinkler


Mesmo com dedicada prática, talvez não tenhamos atingido a união consciente com a Fonte de nosso ser. Um motivo deve haver, e este é o seguinte: estamos diante de Deus e do problema. Estamos, no fundo, tentando ver se Deus já atuou no caso. Apesar de muitos se acharem avançados demais para cair numa armadilha como esta, o fato é que acabam esperando que alguma situação desagradável comece a melhorar.

Isto nos leva ao mais importante dos princípios de cura. Devido à infinidade e bondade de Deus, a natureza do problema deve ser uma “aparência”, uma "sugestão", uma "crença hipnótica", uma errônea compreensão a respeito da bondade eterna de Deus.

Há vários tipos de aparências. Uma delas é a que nos faz pensar que estamos parados, embora a Terra esteja girando velozmente em torno de seu eixo. Uma aparência não traduz o que verdadeiramente É. Na cura espiritual, o problema deve ser entendido como uma aparência ou sugestão, e uma sugestão jamais faz a coisa ser real. Qualquer palavra que nos dê ideia de que o problema é inexistência passa a ser valiosa. A palavra “tentação” pode servir para descrever a crença universal de que possamos estar separados de Deus, com vida própria, e que possa existir algo que nos cause dor e sofrimento. Na verdade, há somente uma Substância, uma Vida, um Ser. A tentação que nos chega, é no sentido de nos fazer crer na existência de algo além de Deus no centro de nosso ser, o próprio EU que nós somos.

Jesus assim reagia às sugestões que lhe vinham: “Afasta-te, Satanás!”, ou seja, “afaste-se, tentação! Nada me levará a crer na existência de algum poder ou vida ao lado do Uno!”.

“Hipnotismo” é outra palavra útil. O hipnotismo jamais cria algo real. Suponha que eu fosse hipnotizado para acreditar que um tigre estivesse entrando na sala. Que faria? Provavelmente sairia correndo o mais rápido possível! E aqueles não hipnotizados iriam dizer: “Que deu nele?” O fato de estar hipnotizado para ver um tigre não criaria um deles no local. O hipnotismo apenas criaria uma impressão, uma sugestão de algo que não existe realmente.

Como seres humanos, estamos hipnotizados pela crença no bem e no mal, atuando sob a hipnose do mundo das aparências. Entretanto, tudo o que vemos tem por substância o hipnotismo, mero conceito ou imagem mental, que apenas tem “substância” na mente.

A mente que aceita dois poderes é chamada de mente carnal, ou mente humana universal. Já a mente preenchida pela Verdade é clara transparência para o Universo espiritual, revelando o Corpo espiritual na plenitude de sua perfeição e o Universo em sua essência espiritual. A mente carnal constantemente julga e avalia em termos de quadros ou imagens mentais e nunca em termos de Realidade. Ela reconhece somente um conceito do Universo e do Corpo espiritual perfeitos, que jamais necessitam de melhorias ou de curas.

Já somos o SER PERFEITO que não necessita de cura. Basta afastarmos o que esconde esta perfeição, para que a chamada “cura” apareça. Mas ela não se dará enquanto estivermos acreditando que teremos de modificar alguma coisa. Cabe a nós perceber aquilo como “aparência”, que dispensa qualquer modificação, bastando-nos olhar além dela.

Para isso, devemos eliminar as crenças que nublam a mente, nutrindo-a com a Verdade, com a sabedoria e leituras espirituais. Os conceitos passam a ruir, a mente se torna bem transparente e o Verbo flui do interior para “se tornar carne” em nossa vida.

O corpo que vemos é uma formação mental; não é corpo sólido de carne e osso, mas uma formação mental de conceitos. Exatamente onde aparenta estar um corpo físico, existe o Corpo espiritual. O conceito material de corpo é um quadro na mente, o que explica porque nunca estamos lidando com condições físicas. O que aparece como condição física é, de fato, formação mental: um quadro que se apaga pela transformação de nossa mente.

Frente a uma suposta doença mortal, não é fácil serenarmos a mente para atingirmos a paz na meditação. Porém, assim que for reconhecido que aquilo é uma imagem mental, formada mentalmente, tendo em vista que “matéria é formação da mente”, tornamo-nos aptos a permanecer sentados para discernir a presença real do Universo e do Corpo espirituais, exatamente aqui e agora.

Podemos desenvolver um estado de consciência em que ficamos imunes a todos os males do mundo. Contudo, isto só nos será possível da seguinte forma: vendo os problemas pelo que realmente são. Que são eles? São a “mente carnal”, imagens mentais que desfilam diante de nós. Há somente uma “mente carnal”, razão pela qual todos vemos coletivamente o mesmo quadro. A Unidade é um princípio que jamais pode ser esquecido. Existe uma só Consciência; e, na realidade, existe apenas uma mente, que atua como instrumento da Consciência única. Na crença, contudo, há a aceitação de dois poderes, e esta crença no bem e no mal é o que constitui a chamada “mente carnal”.

Sempre é importante lembrar que estamos diante de simples quadros mentais. A mente gera quadros que aparentam ser matéria sólida; entretanto, jamais estes quadros chegam a alterar a Realidade ali presente. Se as montanhas estiverem encobertas por nuvens, poderiam estas nuvens modificá-las? Jamais! Nuvens, miragens, hipnotismo, ou “mente carnal” – com suas crenças no bem e no mal – nunca chegam a modificar o mínimo que seja da Realidade, por mais que, para nós, estas nuvens, a miragem, ou o hipnotismo, aparentem fortemente ser reais. E continuarão aparentando ser reais enquanto permanecermos no patamar da mente ou da matéria.

Somente quando elevamos nossa consciência ao ponto em que a mente se torna um espelho perfeito é que veremos a Realidade que não necessita de cura. O que vemos com a mente não iluminada é uma percepção equivocada da Realidade divina, a que podemos chamar de “mente carnal”, aparência, sugestão, tentação ou hipnotismo.

Há uma grande diferença entre acreditar que algo seja real e aquilo ser real de fato. O hipnotismo jamais cria alguma coisa ou condição. Eis por que se torna importante que rapidamente, diante de um problema, seja reconhecido que sua única “substância” é hipnotismo ou aparência. Devido ao hipnotismo universal, acabamos aceitando a crença em doença. Não sejamos, contudo, tolos a ponto de acreditar que o hipnotismo cria mesmo uma doença! Não cria! Repito: o hipnotismo jamais cria alguma coisa; ele somente gera uma "crença" de que aquilo existe. Jamais o hipnotismo modifica o Universo espiritual e a criação espiritual (Realidade). Nunca ele modifica a Unidade; nunca ele cria uma dualidade.

Alcançaremos um estágio em que deixaremos de pensar em tratar uma condição ou o corpo de alguém. Instantaneamente reconheceremos ser aquilo a “mente carnal”, aparência ou hipnotismo. Quando cessa o hipnotismo, cessa também todo o conceito material de mundo –este conceito de mundo material ou de corpo físico é dissipado.

Nunca tratamos de uma condição: tratamos de um hipnotismo. O hipnotismo é a “substância” do problema. Conscientes disso, ficamos repousados na percepção de que jamais o hipnotismo cria coisa alguma. Nosso trabalho é reconhecer que, como Deus, o Ser infinito, está aparecendo como Ser individual, não existe pessoa passível de ser hipnotizada, e esta Verdade inclui o nosso Ser. Assim, eu não posso ser hipnotizado; não existe mente que acredite em dois poderes: a mente única que existe, é instrumento puro de Deus.

Um motivo pelo qual muitos fracassam na cura é que tentam mudar uma condição, como se ela fosse real, em vez de discernirem que ela é um falso conceito mental da Realidade ali presente. O hipnotismo é a “substância” de todos os males que afligem o mundo. É vitalmente importante lembrarmos que o hipnotismo não cria uma coisa, mas cria somente a tentação de nos fazer crer na existência de uma condição ou um poder além de Deus.

O mundo da Realidade divina está aqui e agora. A pessoa da Realidade divina está aqui e agora. O que vemos, com os sentidos humanos, é o mundo de conceitos, o mundo hipnótico. Não é ele, em absoluto, o mundo da criação de Deus. Se um quadro for visto através de vidro fosco, mostrar-se-á distorcido; porém, quando o vidro for transparente, a Harmonia divina sempre-existente conseguirá ser observada através dele. Para atingirmos a consciência deste princípio, precisamos de um treinamento para “ver através ou além da aparência”, lembrando sempre que não existe pessoa a ser mudada nem condição a ser modificada. Precisamos ser aquele que é não-hipnotizado. Uma pessoa não hipnotizada, firmada no princípio de que DEUS É TUDO, E NADA MAIS EXISTE, pode retirar um grupo de pessoas do hipnotismo.

Como poderia haver união consciente com Deus, quando a máscara da crença universal se interpõe entre Deus e você? Isto é possível através do reconhecimento de que este “mundo de aparências” é hipnotismo; assim, passamos a ver, através da máscara, o Coração do Universo do Espírito.

Somos um com o Pai, e nessa Unidade reconhecemos somente um Eu, uma Vida. Transcendendo o hipnotismo, observamos a glória do Universo de Deus.

Tudo que é conhecido pelos cinco sentidos físicos não passa de uma forma de hipnotismo. O real, o eterno, a criação divina, que é a própria expressão de Deus, somente pode ser conhecido através do discernimento espiritual. Quando nossos olhos se abrem para a Realidade divina, ficamos conscientes de que não há pessoas nem condições que necessitem de cura ou mudança.

Toda condição negativa é uma “tentação” para que aceitemos algum poder apartado do Poder de Deus. Cada problema é um ponto a nos fazer recordar que vivemos no Universo espiritual, perfeito e pleno. Se algo inferior estiver sendo reconhecido, significa que ficamos hipnotizados; e assim, temos por incumbência despertar, para vivermos constante e continuamente na atmosfera do amor, da paz e da plenitude do Reino interior.

Este trabalho contínuo de encararmos cada problema como hipnotismo, um “nada”, um “não-poder” ou “não-substância”, nos conduz à Consciência mística da Unidade, em que não existe “Deus e”, mas que existe somente Deus: Deus aparecendo como ser individual, e Deus aparecendo como Universo espiritual.

O Universo espiritual, feito da Substância do Espírito, formado pela Consciência e mantido pela Lei espiritual, está exatamente AQUI. Neste Universo espiritual não existe doença, não existe falta ou limitação, não existe infelicidade ou discórdia, nem tampouco ser algum para ser curado ou modificado. Há somente o Reino da Divina Harmonia e Paz, que a tudo permeia, sem distúrbio de qualquer natureza,

Aceitemos ou não, o fato é que estamos neste Universo espiritual neste instante. Não temos de ir a algum lugar para encontrá-Lo. Ele está exatamente aqui, onde nós estamos. Portanto, assim deve ser a nossa oração:

“Pai, que meus olhos sejam abertos, permitindo-me ver e contemplar este Universo espiritual! Revele-me a Sua Glória, aqui e agora. Não permita que eu tente modificar este Universo! Deixe-me somente contemplá-Lo”.


O Caminho espiritual não se reduz a meditações de dez ou vinte minutos, em que há o reconhecimento do único Poder e única Presença, enquanto saímos pelo mundo esquecidos dessa Unidade pelo resto do dia. Este Caminho é o do reconhecimento constante da Presença de Deus onde quer que estejamos, o que nos requer um estado de alerta a cada segundo.

Pela prática constante destes princípios, eles se tornarão parte de nossa consciência de tal forma, que jamais poderemos ser convencidos da existência de algum outro poder ao lado daquele Poder único.


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