"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

terça-feira, setembro 18, 2012

Ensinamentos Iluminados: Brahma x Iswara



Este é, talvez, o texto mais importante jamais postado na história deste blog. Sempre os diversos textos e artigos publicados neste site apresentam ensinamentos belos e profundos apontando para uma realidade consciencial que está além da mente, ou seja, todos os artigos buscam revelar a existência e a possibilidade de se atingir a consciência transcendental, a iluminação espiritual. Porém, há  um detalhe sutil que, quando levado em conta, revela algo bastante significativo; e é isso que merece agora ser conhecido: apesar de todos os ensinamentos apresentados neste blog referirem-se à iluminação espiritual, nem sempre todos eles estão falando sobre a mesma coisa, sobre a mesma iluminação. Aqui, ora encontramos ensinamentos não-duais dizendo que "Deus é tudo e o universo da dualidade não foi criado por Deus e não existe"; e ora encontramos textos não-duais trazendo explanações no sentido de que "a existência do universo da dualidade é vontade de Deus". Ora ouvimos dizer que "Deus desconhece por completo o mundo dos homens e não possui absolutamente nenhuma ligação com a humanidade"; ora escutamos que "Deus está plenamente ciente e interagindo com os homens no mundo onde eles estão". O mais surpreendente de tudo isso é que ambos são ensinamentos não-duais e transcendentais que apontam para a UNIDADE! Como pode ser isso? Se num dado momento os ensinamentos transcendentais dizem "X" sobre Deus e, noutro momento, desdizem e falam "Y", como é que fica Deus em meio a toda essa história? A Realidade, Deus, a Verdade, só pode ser uma, jamais tem como ser as duas coisas ao mesmo tempo. É preciso compreender o que afinal vem a ser Deus. É disto que este post trata.

Portanto, ao ter contato com os diversos textos contidos neste site, o leitor irá se deparar com duas vertentes - dois pontos de vistas - sobre a iluminação espiritual. As duas espécies de ensinamentos apresentados são iluminados, transcendentais, não-duais. Entretanto, como visto,  as concepções diferem no tocante a Deus. Isso é assim porque, enquanto uma vertente diz que Deus está ciente da ilusão e interage com ela, a outra afirma que Deus não a criou e a desconhece por completo. No mais, ambas seguem parecido. Por que seguem parecido? É porque, apesar de suas distinções quanto a Deus na origem, ambas enfatizam a necessidade de transcender a dualidade rumo à Unidade. Ou seja, ambas enfatizam a necessidade de sair fora de uma "ilusão" para vivenciar o "real". Devido a essa pequena sutileza, quase indetectável, há uma brecha imensa camuflada que permite às pessoas confundirem ou misturarem os pontos de vistas apresentados, levando-as a afirmarem que todos os ensinamentos estão dizendo a mesma coisa.

Dizer que Deus não criou o universo da dualidade e - mais do que isso - que Ele desconhece por completo a existência de seres humanos é algo duro, difícil, estarrecedor, chocante e quase inaceitável de acreditar. Mas essa é a maneira firme, convicta, taxativa e categórica apresentada por determinados ensinamentos. Na história da humanidade sempre existiram seres afirmando terem alcançado tal iluminação ou percepção: Deus é puro Amor, Sabedoria, Inteligência, Alegria, Força, Vida, Bem, Harmonia, Paz, Luz. Deus desconhece o mundo, desconhece seres humanos, desconhece por inteiro este universo físico tal como o concebemos; o homem, por outro lado, não é aquilo que percebe ser, ele é o próprio Deus sendo. O universo, por sua vez, é um Universo Espiritual Perfeito, o qual também é o próprio Deus sendo. Deus é a totalidade de tudo o que existe! E o universo físico não existe absolutamente. Deus não o criou. Então quem o criou? Algo outro que não Deus o criou; foi a ilusão quem o criou. E esse "algo" é o NADA. Isso o que está aqui descrito é uma iluminação, um ponto de vista.

O outro ponto de vista, que também ao longo de todos os tempos sempre veio sendo pregado por grandes seres da humanidade, transmite que o universo da dualidade foi criado por Deus. Deus é o puro Amor e a manifestação do universo dualístico constitui expressão da Força e do Amor de Deus; apesar disso Deus é um ser inteiramente transcendente ao universo dual. Ou seja, Deus abrange toda a manifestação dual e ao mesmo tempo está infinitamente além de tudo o que é dual. Ele conhece, ama, brinca e interage com a dualidade. Ele está "dentro" (imanente) e ao mesmo tempo "fora" (transcendente). Então, deste ponto de vista, Deus também é a totalidade de tudo o que existe. Estes ensinos também afirmam convictamente que a dualidade é um fenômeno ilusório, e que Aquilo que está além da dualidade é o Real. E assim temos aqui pronto o outro ponto de vista; essa é a outra iluminação.

Como podemos perceber, a natureza da iluminação espiritual pregada em alguns ensinamentos difere da natureza da iluminação espiritual apresentada em alguns outros. Para fins didáticos, neste texto vamos nos referir a elas como "iluminação nº 1" e "iluminação nº 2". É importante ter em mente que ambas as iluminações enfatizam a necessidade de transcender a ilusão e de conscientizar/perceber o que é Real. Feitas essas considerações, vamos discorrer agora sobre ambos os ensinamentos iluminados.

O primeiro diz que Deus não criou a ilusão: foi a ilusão quem criou a ilusão. Deus, por sua vez, habita e vive um estado de ser completo em Si mesmo, totalmente alheio à existência de uma suposta ilusão, de maneira que o Seu desconhecimento sobre a ilusão jamais compromete ou coloca em jogo a Sua Onisciência - porque "ilusão" não existe de forma alguma em absoluto. Para Deus, a ilusão nunca existiu. Este primeiro ensinamento iluminado afirma que o universo da dualidade é uma ILUSÃO no sentido de ser uma "imagem hipnótica" ou "quadro hipnótico". É como se estivéssemos caminhando por horas num deserto escaldante e de repente começássemos a enxergar à frente um oásis com lagoas, árvores, tendas, pessoas passando de um lado para o outro, etc. Repare que nesse exemplo do deserto a pessoa não tem nenhuma espécie de "intenção" ou "vontade" de ver palmeiras, lagos, tendas e pessoas no meio de um deserto onde não há realmente nada. A ilusão aqui, portanto, é compreendida como sendo uma alucinação.

O segundo diz que Deus tem vontade da ilusão: a ilusão é compreendida como sendo uma manifestação, um transbordamento alegre da totalidade ou plenitude de Deus. Aqui é dito que a ilusão não existe realmente, ela existe apenas em certo sentido, e é por isso que é possível a Deus tomar ciência da ilusão. Este segundo ensinamento afirma que se Deus não pudesse tomar ciência da ilusão, Ele não seria onisciente. O ensinamento nº 2 estabelece que o universo da dualidade é uma ilusão no sentido de ser uma "representação", onde os atores deliberadamente sobem num palco para encenar inexistências. Ou seja, aqui existem "intenção" e "vontade" de propiciar o surgimento da ilusão. Deus é o diretor e o ator por detrás de cada representação ilusória que está sendo encenada. Para elucidar completamente o entendimento do que vem a ser a representação: Amor é o que Deus "é", ao passo que o medo é aquilo que Deus "não é". Unidade é o que Deus "é", ao passo que a dualidade é aquilo que Deus "não é". Unicidade é o que Deus "é", ao passo que separação é aquilo que Deus "não é". Como não é da natureza de Deus ser "medo", "separação" e "dualidade", Ele irá representá-los: é então que surge a ilusão. Assim, o amor, a vida, a alegria, a bem-aventurança, a harmonia e a paz existem como Existências, enquanto que o medo, o mau, a doença, o sofrimento e a morte existem como representações. A representação existe com a finalidade de expressar aquilo que Deus "não é", uma vez que todas as coisas que Deus "é" já estão constituídas/inseridas em Sua própria natureza, ou seja, já estão sendo expressadas no âmbito de Seu próprio Ser. Deus não precisa de representação para expressar o que Ele "é".

Continuando: em regra, o ensinamento nº 2 diz que a vida meditativa não exclui a nossa vivência e o nosso envolvimento com o mundo irreal. É ensinado que podemos meditar aproveitando as nossas ações. Por exemplo, podemos estar conscientes - em pleno estado de alerta - enquanto estamos dirigindo, conversando, comendo, caminhando, respirando, etc. Na iluminação nº 2 não é necessário tirar a atenção da ilusão para estarmos em estado meditativo. Então, as meditações desse tipo são bastante práticas.

Por outro lado, os ensinamentos da iluminação nº 1 dizem para reservarmos um tempo para tirarmos 100% a atenção da ilusão a fim de que possamos meditar/contemplar uma Realidade Espiritual Perfeita que não abrange nem se envolve com a representação. Aqui, diferentemente do ensinamento nº 2, a percepção do Real excluirá definitivamente a percepção que enxerga o mundo irreal. Essas meditações requerem grande dedicação.

O interessante de tudo isso é que podemos escolher adotar qualquer um dos pontos de vista sobre Deus e sobre o universo da dualidade. É possível encarar/lidar com a ilusão como se ela fosse uma representação, ou então como sendo um quadro hipnótico. Essas duas diferenças surgem dependendo do ponto de vista adotado na origem sobre Deus, que citei anteriormente. Em ambos os casos existe uma percepção transcendental que extrapola os limites da mente humana e que faz surgir no indivíduo um "saber" transcendente ao mero "acreditar" ou "não acreditar". Decorrente desse saber transcendental, a pessoa adquire uma convicção inabalável. Podemos admitir a ilusão como sendo uma representação. Ou podemos admití-la como uma ilusão (no sentido de inexistência total, MESMO!). Ambos funcionam! Ambos podem ser conhecidos e experienciados. Isso pra mim ainda é um mistério tremendo.  Ambos são ensinamentos espirituais iluminados e não-duais. Apesar disso, podemos perceber que eles não se confundem e não se misturam. Eles têm propósitos diferentes.

É por isso que o hinduísmo tem tantas divindades diferentes. Dentre todos os deuses da mitologia hindu, destaco Brahma e Iswara. Brahma é o Deus Absoluto (que corresponderia ao Deus a que se refere o ensinamento nº 1). Ele não está ciente de nenhuma outra realidade, senão a divina, que é Ele próprio. Ele não toma conhecimento de ilusões. Quando a ilusão surge (o que, do ponto de vista de Brahma, nunca ocorre), é necessário também que exista uma "inteligência universal" para sustentar/governar/manter todo o universo ilusório. Essa força ou inteligência universal será insondável, e será também onipresente, onipotente e onisciente no âmbito da ilusão. Ela será Deus - mas será o Deus de todo o universo dual holográfico/ilusório. E é aqui que entra a figura de Iswara.

Brahma não é Iswara. Mas ambos podem ser considerados como Deus. 

Iswara é o Deus criador da ilusão (o Deus a que se refere o ensinamento nº 2). Foi Ele quem a criou em todos os seus níveis. Ele está além de tudo e, ao mesmo tempo, aparece como sendo tudo. É Ele quem está representando a ilusão. No âmbito da ilusão, é Ele quem tudo faz e, mesmo "fazendo", trancende tudo aquilo que "faz". Iswara é transcendental a tudo o que existe na representação. Há uma espécie de unidade ou unicidade nele. O ensinamento que prega Iswara também é não-dualista.

Iswara é Deus e ao mesmo tempo é a "Fonte da ilusão". Portanto, a ilusão veio de Iswara. Por sua vez, Brahma não pode ser considerado como "Fonte de alguma coisa", porquanto essa "alguma coisa" teria  de ser obrigatoriamente Ele  próprio, sem representações. Brahma nem mesmo é fonte de si mesmo. Seria incorreto dizer que Brahma veio de si mesmo, pelo simples fato de que ele nunca veio. Ele é eternamente, por inteiro. Ele não entra no nível do universo físico para representar. Em Brahma há apenas um nível (Ele mesmo), e todas as coisas (Ele mesmo) são manifestadas nesse Nível Único (Ele mesmo). Uma completa UNIDADE sendo! Não existe necessidade alguma de manifestar uma representação. Na verdade, todas as coisas que existem em Brahma são o próprio Brahma. Mas para se conhecer e experienciar isso, é preciso ter a Revelação apontada pelos ensinamentos da iluminação nº 1.

Esses dois ensinamentos iluminados encontram-se separados por uma linha extremamente tênue, sendo, no mais, em tudo muito parecidos, na verdade, quase iguais. Tal diferença mínima é tão pequena, quase insignificante, mas é capaz de provocar todo esse disparate. Para o olho treinado, Iswara não é Brahma, embora ambos sejam Deus.

Entretanto há uma relação mínima e indireta que pode ser estabelecida entre Iswara e Brahma. A fim de compreendermos esta relação, consideremos as seguintes questões:

1) "Que relação existe entre Iswara e Brahma?" 
2) "Que relação existe entre Brahma e Iswara?"

A primeira pergunta é no sentido de Iswara para o Brahma. A segunda pergunta atua no sentido que parte de Brahma em direção à Iswara. São duas perguntas importantes que, embora pareçam a mesma,  não são, pois possuem respostas diferentes. Vamos imaginar a figura de uma árvore à margem de um rio. Se olharmos para o rio, veremos que a imagem da árvore está refletida na superfície da água. Então, poderíamos fazer a pergunta: qual a relação da imagem refletida na água com a árvore real que está plantada na beira do rio? E que relação existe entre a árvore e a imagem dela no rio? A resposta para a primeira pergunta é: a imagem na água é possível devido à existência da árvore que está plantada à beira do rio. Mas, se especularmos que relação existe entre a árvore e a imagem refletida, a resposta será: não há nenhuma! A árvore não está lá para fazer surgir a sua imagem na superfície do rio. De fato, a árvore nem sabe que está sendo refletida na água. Se a imagem da árvore na água ficar turva e quebrada, isso ocorre devido à propriedade que a água tem de oscilar e provocar a distorção da imagem. Perceba que é a superfície da água que está provocando a ilusão de representar "imagens distorcidas". Poderíamos dizer que é a água que tem a vontade de encenar/representar as imagens turvas e quebradas, e não a árvore. A árvore nada tem a ver com o que está acontecendo.

Iswara é o agente cujas propriedades permitem o surgimento de um universo dual ilusório ora bem/mau, ora abundante/escasso, ora sim/não. É Ele quem o cria e o representa, permanecendo ele mesmo além de toda criação. No âmbito da ilusão, ele é tudo em tudo, como tudo. Mas nada do que está sendo feito por ele é do conhecimento de Brahma.

Um outro importante ponto a ser considerado é o seguinte: o ensinamento iluminado nº 2 diz que apesar de existir o universo ilusório da representação, não há em verdade nisso uma necessidade real. Deus não depende da existência de uma representação. Isso significa que se a representação não existisse, tudo estaria bem, perfeito, nada real em absoluto seria afetado. Todavia a iluminação nº 2 postula que, apesar de não ser necessário, o universo irreal parece ter algum propósito: o de Deus expressar o seu amor e a sua totalidade através das manifestações da dualidade. A razão pela qual o universo da dualidade está aqui é que o amor de Deus está operando com alegria em tudo e por toda a parte. Deus está simplesmente celebrando tudo e isso é algo que deve ser percebido. Uma vez percebido, a pessoa compreenderá sem necessidade de maiores questionamentos que essa explicação é o bastante para explicar a existência da representação. Então, se a representação existe ou não existe, isso não importa, e o que quer que seja ou aconteça é aceito e desfrutado e tudo é muito bom. O indivíduo então sentirá essa verdade e a vivenciará.

Mas do ponto de vista do ensinamento iluminado nº 1, a existência do universo ilusório não tem propósito algum; ele é completamente desnecessário porque é NADA. Ele não existe, apenas parece existir, mas chegará um momento no qual deixará inclusive de aparentar existir e desaparecerá por completo. Por ser desnecessário! Nenhum Filho de Deus no Universo inteiro perceberá a existência aparente/falsa de um universo estranho ao Universo Verdadeiro Criado por Deus. Em verdade, essa iluminação revela que nenhum Filho de Deus jamais viu universo ilusório algum. Só o Universo Divino é Real. Ele é tudo o que sempre existiu, existe e sempre existirá, eternamente e infinitamente.

A fim de comprovar a veracidade de que estes dois ensinamentos iluminados realmente existem, enumero a seguir uma lista com os mestres e os ensinamentos referentes a cada uma destas duas iluminações. É impossível conhecer todos os ensinamentos e mestres iluminados do mundo, mas todos aqueles com os quais já me deparei e que foram apresentados neste blog até hoje estarão apresentados nas listas abaixo. Alguns deles abordam ambos os ensinamentos iluminados, embora predominem mais para um lado do que para o outro. Pelo fato de eles não serem explícitos em suas falas quanto a essas duas iluminações, cabe ao ouvinte ser atento e perceber as sutilezas, o sentido e a profundidade do que está sendo revelado. Por exemplo,  em meus contatos com os ensinamentos de Ramana Maharshi, na maioria das vezes vi ele afirmar que "o mundo exterior (ou seja, a ilusão) quando corretamente compreendido é a manifestação do próprio Ser". Contudo, lembro-me claramente de que Ramana Maharshi também disse que "Quando Deus existe, o mundo não existe."

Eis os ensinamentos e mestres que falam a respeito da realização da iluminação nº 1:

- Metafísica Absoluta  
- Um Curso em Milagres
- Christian Science - Ciência Cristã (Mary Baker Eddy)
- Seicho-No-Ie (Masaharu Taniguchi)
- O Caminho Infinito (Joel S. Goldsmith)
- Meher Baba
- Ramana Maharshi
- Outros Autores: Dárcio Dezolt, Lillian DeWaters, Marie S.Watts, Alfred Aiken, Allen White, Vivian May Willians.

Eis os ensinamentos e mestres que difundem a iluminação nº 2 (alguns integrantes da relação anterior também estarão aqui):

- Ensinamentos Advaita
- Seicho-No-Ie
- O Caminho Infinito
- Conversando com Deus (livros de Neale Donald Walsch)
- Ramana Maharshi
- Meher Baba
- Nisargadatta Maharaj
- Eckhart Tolle
- Osho (a única vez que vi o Osho fazer uma vaga referência à iluminação nº 1 foi neste texto que você pode ler clicando aqui.)
- As descobertas da Ciência Quântica

No próximo post, teremos as explanações dadas neste texto sobre a iluminação nº 1 acompanhadas das próprias palavras dos mestres e dos ensinamentos. Não será necessário adotar o mesmo procedimento com relação à iluminação nº 2, uma vez que é fácil de se agradar com ela e assim acreditar ou aceitar a sua existência. A iluminação nº 1 é a que diz que Deus não criou este universo físico, não criou os seres, tampouco a vida que esses seres estão vivendo neste universo dualístico - algo bastante desagradável de se ouvir. Em face disso, a iluminação nº 1 é muito mais difícil de ser aceita.  E o objetivo do próximo texto será o de explicitar que, sim, tal iluminação existe e pode ser conhecida e experienciada.


3 comentários:

JoaoWillian disse...

Meu grande Amigo Gustavo...pondere sobre este texto que você escreve, muito cuidado para não se perder em sua própria lógica e raciocínio, cuidado para não se confundir e confundir outros....Por que dividir algo que é Uno???

Eu posso afirmar que existem dois/dualidade (duas iluminações) somente porque eu estou enxergando dessa maneira?

Cito um trecho de um livro sobre o Budhadharma, o ensinamento de Buda que estou lendo. Não digo que está errado o que você escreve, somente que é um ponto de vista...e talvez a Realidade não possa ser percebida através de pontos de vista.

segue o trecho:

"Não há falsidade no Dharma (Ensinamento) Eterno pois Buda conhece todas as coisas do mundo como elas são, e as ensina a todos os homens.

É difícil conhecer o mundo como ele é verdadeiramente, pois, embora pareça real ele não o é, e embora pareça falso, ele não o é. Os néscios não podem conhecer a verdade a respeito do mundo..

Somente Buda conhece, verdadeira e completamente, o mundo como ele é, nunca dizendo que ele é real ou falso, que é bom ou mau.

O que Buda ensina é precisamente isso: que todos os homens devem cultivar raízes da virtude, de acordo com suas naturezas, atos ou crenças. Este ensinamento transcende a toda afirmação ou negação a respeito desse mundo."

(Do livro " A Doutrina de Buda", Bukkyo Dendo Kyokai, pg. 44)

Domo Arigatô Gozaimasu

Templo disse...

Olá João,

O texto que você leu não é uma afirmação da verdade, ele é um estudo. É um estudo acerca do que os mestres e os ensinamentos dizem. E é por isso que nele as coisas estão sendo apresentadas sob dois pontos de vista. Se você se dispuser a ter um contato com alguns dos ensinamentos apontados na lista 1, e fizer um estudo detalhado, vai ver que é exatamente isso o que eles dizem: "Deus não criou o universo da dualidade". E isso conflita com a verdade apontada neste texto de Buda, que diz: "embora o mundo pareça real, não o é, e embora pareça falso não o é". O que os ensinamentos nº 1 dizem é que: "o mundo externo é totalmente falso". Não dizem isso por metáforas. É uma afirmação literal, categórica! Você já procurou realmente conhecer a fundo esses ensinamentos para afirmar que no fundo todos eles estão dizendo a mesma coisa? Ou o seu contato deu-se apenas com alguns e, a partir daí, por ter identificado que eles falam sobre uma mesma verdade, passou a afirmar que TODOS os ensinamentos do mundo estão apontando sempre para a mesma coisa? Por favor, se for possível, eu gostaria que você ponderasse a respeito disso.

Por exemplo, pegue o último texto postado de Meher Baba (Maya ilusão 2/2), e você verá que, no tópico "Deus e Maya",ele diz o seguinte:

"Deus que é infinito não pode descender na dualidade."

Diz ainda: "Como o falso mundo das coisas finitas veio a existir? Por que ele existe? Ele é criado por Maya, ou o princípio da ignorância. Maya não é ilusão, é a criadora da Ilusão." Maya não é dualidade, é o que provoca a dualidade. Ela cria a ilusão de finitude, mas ela em si não é finita. Todas as ilusões criadas por Maya são finitas, e todo o universo da dualidade, que parece existir devido a Maya, também é finito. O princípio que causa esta ilusão das coisas finitas deve, em certo sentido, ser considerado como não sendo uma ilusão. Maya não existe no espaço e não pode ser limitada por ele. O espaço é uma criação de Maya. Maya não pode ter um começo nem um fim no tempo, porque o próprio tempo é uma criação de Maya. O tempo está em Maya; Maya não está no tempo. Maya é melhor considerada como sendo real e infinta, da mesma forma que Deus é geralmente considerado como real e infinito. A explicação intelectual de que Maya é real não tem o selo do conhecimento final, embora seja a explicação mais plausível. Há dificuldades em considerar Maya como ilusória e também como real em última análise. Todas as tentativas do intelecto limitado para entender Maya levam a um impasse. Não é possível compreender Maya através do intelecto limitado, ela é tão insondável quanto Deus. Maya é a sombra de Deus. Maya só existe a partir do ponto de vista do finito. É apenas como ilusão que Maya existe como uma criadora verdadeira e infinita de coisas irreais e finitas. Na verdade final e única da Realização, não existe nada exceto o Deus infinito e eterno."

Templo disse...

Eu me isentei de dizer as coisas com minhas próprias palavras e coloquei aqui as palavras do próprio Meher Baba.

Ele próprio divide as coisas em "dois pontos de vista". Na verdade, ele não está falando sobre dois pontos de vista, está tentando apontar para o referencial único, onde os pontos de vistas são impossíveis de existir. Mas o fato de ele estar passando a mensagem dentro de um mundo dual obriga ele a falar nestes termos. Ele diz que Maya é a criadora da ilusão. Não diz que Deus é o criador dela. Diz também que Deus e Maya são coisas distintas. E diz que, no final de tudo, Maya desaparecerá junto com as criações dela, e sobrará somente Deus.

Eu não creio que Meher Baba esteja se perdendo em sua própria lógica e raciocínio, e que ele esteja confundindo os outros. O que ele está fazendo é explanando sobre aquele ensinamento citado (iluminação nº 1). E eu lhe afirmo que todos os ensinamentos listados na lista 1 são neste mesmo sentido.

Foi prevendo esse tipo de reação por parte das pessoas que eu decidi elaborar um post com as palavras dos próprios mestres e dos próprios ensinamentos que oferecem uma abordagem neste sentido.

Por isso, se possível, eu gostaria de pedir que as pessoas aguardem a conclusão destas postagens. Mais do que isso peço, caso seja possível, que procurem conhecer melhor aqueles ensinamentos apresentados na lista 1. Depois, então, poderão tirar suas próprias conclusões a respeito do que eles pregam: se estão todos eles dizendo a mesma coisa ou não.

No mais, eu também lhe agradeço, João. Arigatô Gozaimasu!

Namastê!